terça-feira, 9 de janeiro de 2018

O assassinato de Carlos Castro por parte do seu parceiro homoerótico

Foi a sete de Janeiro de 2011 que Portugal e o Mundo ficaram com o nome Renato Seabra gravado na mente. O jovem, na altura com 21 anos, sonhava ser modelo e, acompanhado por Carlos Castro, de 65 anos, tentava vingar no mundo da moda. 

Foi há sete anos que Renato, que chegou a ser acólito em Cantanhede, de onde é natural, matou o cronista social, apontado como seu amante, tendo mutilado o corpo em seguida, com recurso a um saca-rolhas. 

Os amigos recordam que Carlos Castro estava apaixonado pelo jovem e fazia de tudo para lhe agradar, tentando que os seus contactos o ajudassem a lançar a carreira internacional de Renato Seabra no mundo da moda. 

Um ‘amor’ não correspondido 

O ‘casal’ aterrou em Nova Iorque a 29 de Dezembro de 2010, para celebrarem o Réveillon na ‘Big Apple’. 

Wanda Pires, amiga de longa data de Carlos Castro, recordou ao CM e à CMTV a visita dos dois e os primeiros contactos com Renato. "Eu achei que não era amor. A viagem dele com o Carlos foi para tirar proveito. Não vi o Renato como a pessoa ideal para estar ao lado do Carlos. Mas ele dizia-me ‘I’m in love’, gostava mesmo muito dele", relata Wanda, que foi a última pessoa a falar com Carlos Castro.

Os dois tinham-se conhecido através do Facebook e foi o jornalista e cronista social que pôs o jovem a desfilar nas passerelles nacionais. Mas Renato Seabra queria mais e ansiava por uma carreira internacional e uma vida de luxos, como demonstrou em Nova Iorque. 

"Quando o Carlos cá chegou disse-me que tinham reservado um quarto noutro hotel, mas que o Renato queria uma suite luxuosa, com vista para Times Square", conta Luís Pires, jornalista que deu a notícia do crime em primeira-mão. Os dois acabaram por ficar hospedados no exclusivo Intercontinental, localizado em plena Broadway, no quarto n.º 16 do 34.º andar.

Os amigos de Carlos Castro que viviam em nova Iorque olhavam com desconfiança para o jovem, que fazia muitos pedidos ao cronista, "Íamos às compras e ele pedia ao Carlos para lhe comprar coisas. Até fui eu que fui escolher a roupa para o bebé da irmã do Renato, que estava grávida. E dizia-lhe que achava que o Renato se estava a aproveitar dele. Mas ele disse que a viagem era para ver o que acontecia e que depois tomava uma decisão", relata Wanda.

Discussões durante a viagem 

Carlos Castro já não chegou a  voltar para Portugal. Depois da Passagem de Ano, já em 2011, o jornalista e o modelo discutiam regularmente. Num jantar no dia antes do crime os amigos notaram que Renato "estava excitado e inquieto". O jovem, que nunca bebia, pediu uma garrafa de vinho "porque queria celebrar", mas não revelou o motivo. 

Wanda Pires com Carlos Castro e Renato Seabra
"O Renato andava a contactar com raparigas e empregadas do hotel e saia muito do quarto. Havia muita fricção por causa disso", afirma Wanda Pires.

No dia seguinte ainda falou com o amigo logo de manhã. Quando voltou a fazer uma chamada, Carlos Castro já não atendeu. Tentou uma e outra vez e nunca obteve resposta. Pediu ajuda à filha, Mónica, e as duas foram para o hotel à procura do cronista. 

Na recepção do Intercontinental recusaram dar informações, alegando que eram precisas mais horas de ‘desaparecimento’ para poderem revelar o número do quarto, por questões de confidencialidade. 

Foi nessa altura que viram Renato Seabra a sair do elevador. Vinha arranjado e bem vestido, mas nervoso. As amigas de Carlos Castro abordaram-no e perguntaram onde estava o cronista. Renato disse-lhes que estava no quarto 3416 e que já tinha comido. Quando lhe perguntaram onde ia, o jovem baixou olhar e seguiu caminho, saindo pela porta principal. Wanda e Mónica bateram à porta do quarto mas nunca obtiveram resposta. 

Ao mesmo tempo, Renato tinha apanhado um táxi e pediu para ir ao hospital. Tinha a mão enfaixada e escondida, ensanguentada. Eram 19h00 quando entrou no Hospital de St. Luke’s, tendo sido acompanhado por um segurança e por um enfermeiro. Tinha os pulsos cortados numa aparente tentativa de suicídio.

No Intercontinental, a polícia já tinha sido chamada. Os bombeiros que entraram no quarto encontraram um cenário macabro, digno de um filme de terror. "Estava tudo cheio de sangue. Os paramédicos ficaram chocados, boquiabertos com a quantidade de sangue que havia", recorda o jornalista Luís Pires ao CM/CMTV. 

A anatomia de um crime 

Segundo a médica legista que fez a autópsia ao corpo de Carlos Castro, primeiro o cronista foi agredido com um computador, que Renato Seabra lhe arremessou contra a cabeça. Em seguida o modelo apertou-lhe o pescoço e saltou-lhe várias vezes sobre a cabeça e rosto. Só em seguida recorreu a um saca rolha para mutilar Carlos Castro. Castrou o cronista e depois arrancou-lhe um olho.

Segundo a médica as lesões que causaram a morte foi a pancada violenta na cabeça e o estrangulamento, pelo que Carlos Castro estaria ainda vivo quando foi novamente agredido e depois mutilado. A hora da morte foi às 17h00. Foi depois que Renato Seabra tentou cortar os pulsos com um copo partido. 

"Ele esteve horas dentro do quarto. Esteve várias horas a brincar com o corpo, a mutilá-lo. Não passa pela cabeça de ninguém arrancar os testículos e ficar ali a brincar com eles, e depois uma vista. Não há hipótese de poder analisar isto. Só uma pessoa louca ou momentaneamente transtornada é que é capaz de o fazer", afirma Luís Pires, que acompanhou todo o desenrolar do caso 

O corpo ficou completamente desfigurado. Wanda diz que não foi capaz de reconhecer o corpo, pelo que pediu à filha. Mónica diz que só conseguiu Perceber que era Carlos Castro por causa do cabelo. 

A condenação

Depois de um polémico julgamento e de ter saltado para a fama em Portugal pelos piores motivos, Renato Seabra, que tinha estado internado num hospital psiquiátrico, foi condenado a uma pena de 25 anos de prisão e prisão perpétua. Só pode sair em 2036 mas o juiz pode decidir mantê-lo na prisão mais alguns anos ou para o resto da vida, com revalidações periódicas. "Cometeu um erro. Que não foi apenas matar o Carlos, mas também ter mutilado o corpo. Um crime passional acontece muitas vezes nos EUA, mas não com esta pena tão severa", adianta Luís Pires, lembrando os contornos do caso. 

"O juiz disse e tribunal que o que ele fez nem a um animal se fazia e que por isso o condenou a  tal pena. E o Renato pediu desculpa e que não sabia o que tinha entrado nele nesse dia", recorda Mónica. Renato está preso na Clinton Correctional Facility, localizada no norte do estado de Nova Iorque, perto da fronteira com o Canadá. É conhecida como a ‘Sibéria de Nova Iorque’, devido às temperaturas frias

É uma prisão de alta segurança onde estão alguns dois piores criminosos condenados naquele estado, culpados dos mais horrendos crimes. Só daqui a 18 anos é que Renato Seabra pode ser sujeito a reavaliação de pena. Com 46 anos, em 1036, poderá sair em liberdade. Caso o juiz decida que não quer Renato em liberdade condicional, o jovem português continuará preso, sujeito a revalidações de dois em dois anos, para o resto da sua vida. Renato sem apoio e com menos visitas da mãe.

Na altura do crime e antes da condenação, com todo o mediatismo à volta do caso, houve quem saísse em defesa do modelo e acreditasse que havia contornos da história não revelados. Várias páginas de Facebook, como ‘Renato Seabra Deus é grande e vai haver justiça’, contam com milhares de seguidores, amigos e apoiantes do jovem de Cantanhede. 

Mas, com o passar do tempo e com a condenação, os apoios de Renato foram-se silenciando e tais páginas já não contam com publicações há vários anos. Também a família, pilar e suporte do modelo, tem ‘cortado’ no relacionamento. A mãe, Odília Pererinha, enfermeira, continua a apoiar o filho, mas as viagens a Nova Iorque, que outrora ocorriam com grande frequência, passaram agora a acontecer de três em três meses, uma vez que a família não tem dinheiro para mais. 

Odília chegou a mudar-se para os Estados Unidos, mas acabou por ter que voltar ao trabalho, em Cantanhede, para apoiar a família em Portugal, em especial a filha e a neta. Com o pai, Renato fala apenas por telefone. A mãe continua a ser a única pessoa que o visita.

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sábado, 6 de janeiro de 2018

E se um homem se sentir galinha?

Por José António Saraiva 

UMA NOITE destas, a horas improváveis – que são aquelas a que vejo televisão, para descontrair após um serão a trabalhar – vi um documentário aterrador. O pior que se pode ver antes de ir para a cama.

O documentário era sobre um transexual. Já escrevi sobre este tema, mas não resisto a voltar a ele, pois é das coisas mais aberrantes que a evolução da medicina trouxe. Refiro-me à ‘transformação’ de homens em mulheres e vice-versa. Se as intrusões na natureza são sempre duvidosas – quer se trate de mutações do milho ou de raças de cães produzidas artificialmente – as trocas de sexo por via cirúrgica são de uma inaudita brutalidade. 

ALÉM DE QUE são enganosas. São burlas. Embustes. Porque é impossível por via cirúrgica transformar um homem em mulher (ou o contrário), pela simples razão de que homens e mulheres não são apenas diferentes pelo facto de terem pénis ou vaginas: são diferentes em tudo. Os cromossomas são diferentes (os homens têm um X e um Y, enquanto as mulheres têm dois X). 

O cérebro é diferente (as mulheres têm mais conexões entre os dois hemisférios, enquanto os homens têm mais trocas de informação dentro de cada hemisfério), a circulação sanguínea é diferente (menor nas mulheres, por isso são em geral mais friorentas), etc.

NO MOMENTO em que comecei a ver o documentário, passavam no ecrã imagens de uma operação às cordas vocais. 

Como ainda não sabia qual era o tema, pensei que o paciente teria nódulos ou outra qualquer excrescência que fosse necessário extirpar. Mas não. Tratava-se de cortar as cordas vocais às tiras longitudinais para as tornar mais finas. Aí comecei a desconfiar. Cordas mais finas deviam tornar a voz mais aguda… E mais aguda para quê? Talvez para deixar de ser uma voz de homem e se parecer com a de uma mulher. Acertei!

Depois da operação, entrevistavam o fulano que se queria transformar em fulana. Numa voz estranha, deu umas respostas que tornaram óbvio estarmos perante uma pessoa débil mental. Dizia umas patetices. Mostrava-se ansioso por se tornar uma mulher. 

Mas aí eu pergunto: se em vez de lhe operarem o corpo para se parecer com uma mulher, por que não optaram por tratá-lo psicologicamente para adaptar a mente ao físico que realmente tinha? Argumentar-se-á que, desse modo, ele nunca seria completamente um homem. Mas com a operação ao corpo ele será alguma vez completamente uma mulher?

DEPOIS da cirurgia às cordas vocais, o documentário mostrava com todo o pormenor o corte dos atributos masculinos e a construção de uma vagina. 

A médica cirurgiã atuava com grande frieza e explicava o que ia fazendo. Depois de cortar o escroto para extrair os testículos, agarrava num deles com a mão, mostrava-o à câmara e dizia: «São grandes», como quem diz: o fulano era muito macho.

Depois cortou o pénis, explicando que ia aproveitar uma parte deste para fazer o clítoris. Neste ponto, não consegui ver mais e mudei de canal.

EMBORA seja um liberal convicto, entendo que estas operações deveriam ser pura e simplesmente proibidas. As pessoas que são vítimas delas tornam-se depois umas infelizes – porque não são carne nem peixe. Deixaram de ser homens mas não são mulheres – ou o contrário. 

Se a sua cabeça já era confusa, tornar-se-á muito mais confusa depois da operação. Nunca poderão ter uma vida familiar normal: não podem ter filhos e qual é o homem que se vai casar com uma mulher que já foi um homem? Só por caridade alguém condescenderá em fazê-lo.

Se todas as intrusões na natureza são perigosas, estas são criminosas – porque significam experiências limite feitas com pessoas. Criam uns entes desgraçados, uns despojos humanos que serão sempre olhados de lado pela sociedade e ostracizados.

SE UM HOMEM pensar que é uma galinha, os médicos não vão transformá-lo em galinha. Tentarão tratá-lo, levando-o a convencer-se de que é um ser humano. Por que razão, quando um homem pensa que é uma mulher, não se faz o mesmo – tratá-lo – em vez de o transformar num monstro híbrido?

Numa sociedade saudável, os médicos que fazem estas operações, usando pessoas como cobaias, seriam chamados a explicar e sustentar solidamente os seus actos. E as pessoas vítimas dessas operações deveriam ser depois acompanhadas e objecto de um estudo, para avaliar o seu estado de felicidade. 

Estou em crer que os resultados seriam devastadores.

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