terça-feira, 9 de setembro de 2014

De que forma é que o "casamento" homossexual irá afectar o teu casamento?

Por Denny Burk

Se por acaso já se envolveram num debate com alguém sobre o "casamento" homossexual, uma das formas de acabar com a discussão usada pelos proponentes é dizer algo como:

De que forma é que o casamento [sic] homossexual irá afectar o teu casamento heterossexual?

Ou, dito duma forma mais pessoal:

De que forma é que o meu casamento [sic] homossexual irá corromper o teu casamento heterossexual?

O pensamento segue desta forma: O que duas pessoas fazem na privacidade da sua casa não pode ser tua preocupação, mesmo que eles tomem a decisão de reinventar a instituição social mais importante de todas. Afinal, quem és tu para julgar o emparelhamento de outras pessoas? Se algumas pessoas querem chamar de "casamento" às uniões civis homossexuais, de que forma é que isto é da tua conta?

A pressuposição que se alinha com este argumento é a de que o casamento é um bem privado, sem consequências públicas. Mas será esta pressuposição válida? Será que não se dá o caso de que a redefinição do casamento afecta todos os casamentos? Certamente que a redefinição de casamento de modo a que permita as "nupcias" homoeróticas irá continuar a cortar a ligação entre o casamento e a procriação. Mas esta não é a única preocupação pública.

Hanna Rosin escreveu recentemente um artigo para o Slate.com com o título de "The Dirty Little Secret: Most Gay Couples Aren't Monogamous.". Os defensores do "casamento" homossexual não só alegam que esse emparelhamento deve ser tratado como igual ao casamento tradicional, como avançam com exemplos de duplas homossexuais e da sua vida doméstica em comum como forma de ilustrar o ponto de que o "casamento" homossexual não é diferente de qualquer outro tipo de casamento.

No entanto, Rosin alega que tais exemplos não são a norma, citando como evidência um estudo onde se lê que "cerca de metade das duplas homoeróticas já tiveram sexo com outras pessoas para além do parceiro - e com o conhecimento do parceiro". Muitas duplas homoeróticas não são monogâmicas mas monogamicazinhas ["not monogamous but monogamish"]. Rosin conclui então com uma admissão profuinda:

Ao legalizarmos o casamento [sic] homossexual, estamos a aceitar uma forma de casamento [sic] sancionada que não é por norma monogâmica e que está a inventar todo o tipo de novos modelos como forma de acomodar a luxuria e o desejo dentro dos relacionamentos de longa duração.

As pessoas às vezes perguntam-me: "De que forma é que o casamento [sic] homossexual irá afectar o casamento tradicional?" A resposta está aí. Mal a nossa sociedade rejeita a norma heterossexual do casamento, o que é que a impede de rejeitar também as outras normas? Se a heterossexualidade não é mais a norma, então porque é que a monogamia deveria ser?

Mark Regnerus alega que a monogamia pode muito bem vir a ser a casualidade da legalização do "casamento" homossexual. Embora a larga maioria dos Americanos ainda considere o adultério como algo moralmente errado (fonte), o mesmo não pode ser dito dos Americanos que se encontram dentro duma união homoerótica. Regnerus escreve:

O adultério não funciona da mesma forma dentro duma significativa parcela das uniões [homossexuais]; em vez dum padrão único, as duplas negoceiam (e geralmente renegoceiam) qual será o seu padrão. É por isso que Dan Savage pode qualificar de "monogamicozinho", e não um adultério em série, o facto de se ter 9 parceiros extramaritais. O teórico social John Milbank assegura que quando a definição de adultério tem que ser pervertida, a união sexual exclusiva arrisca-se a deixar de ser vista como uma que tem algum tipo de relevância - isto é, não é crucial - para o casamento no geral. Nós ainda não nos encontramos lá, mas certamente que a ponte está em construção.

Eu prevejo que isto venha a ser o efeito característico do "casamento" homossexual sobre a instituição - a institucionalização da "monogamiazinha" como um traço marital aceitável. Claro que os homens homossexuais não podem causar a que os homens heterossexuais sejam adúlteros, mas a recentemente acordada legitimidade abre uma oportunidade para os homens de todo o lado para alargar as fronteiras.

Resumindo, Regnerus alega que a redefinição do casamento irá causar a redefinição da norma marital. Nós já vimos algo deste tipo a acontecer com o advento da legalização do divórcio sem-culpa. As leis em torno deste divórcio deram-nos o divórcio unilateral-a-pedido. Logo, a norma da monogamia para toda a vida deu lugar para a monogamia em série acima dos casamentos múltiplos. É por isso que a nossa cultura está a aceitar que o homem tenha múltiplas esposas, desde que seja uma de cada vez.

Semelhantemente, Regnerus descobriu algo de importante quando diz que a legalização do "casamento" homossexual irá causar uma revisão semelhante em torno da definição de "fidelidade" dentro do casamento. Um estudo publicado em 2010 revela que a monogamia pura e simplesmente não é uma das características centrais dentro das uniões homoeróticas. O New York Times reporta:

Alguns homens homossexuais e mulheres lésbicas alegam que, como resultado [do abandono da monogamia], eles têm relacionamentos mais fortes, mais duradouros e mais honestos. E embora isso possa soar contra-intuitivo, alguns peritos afirmam que o desafio dos limites existente dentro das uniões homossexuais representa uma evolução do casamento - uma revolução que pode apontar o caminho para a sobrevivência da instituição.

Entenderam tudo? O artigo sugere que o "monogamicazinho" adultério em série pode ser o futuro para todos os casamentos. E não só isso, mas o adultério pode impedir que o casamento se torne algo irrelevante! É provável que isto tenha a aparência duma sugestão absurda, mas será que devemos ficar surpreendidos com ela? Quando nós redefinimos o casamento, tudo passa a ser tópico de discussão, e não há qualquer razão para se excluir a possibilidade de que a norma monogâmica possa dar lugar à "monogamiazinha" exibida aqui.

Portanto, à medida que parece estarmos à beira do precipício da legalização do "casamento" homossexual neste país, eis aqui uma pergunta que todos devem fazer a si mesmos: Quais são os limites da redefinição que estamos dispostos a tolerar? Será que a monogamia também está em jogo? A pergunta não é se iremos ou não definir o casamento na nossa cultura e na nossa lei, mas sim que tipo de definição irá aterrar. Se abolirmos a norma da monogamia, isto irá causar uma revisão que irá afectar todos - tanto homossexuais como heterossexuais.

De que forma é que o "casamento" homossexual irá afectar o casamento? As leis estabelecem as normas, e as normas estabelecem as culturas. Uma próspera cultura de casamento não pode ser ajudada se os casais começam a "renegociar" o significado da fidelidade. Por este motivo, a legalização do "casamento" homossexual" irá prejudicar os casamentos normais de formas que as pessoas nunca poderiam antecipar.

Fonte http://bit.ly/1lGvCmO.

2 comentários:

  1. Como participar de um casamento gay afetou meu casamento hétero
    http://www.brasilpost.com.br/stephanie-schroeder/como-participar-de-um-casamento-gay_b_5876972.html?utm_hp_ref=brazil

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    1. E com base na experiência pessoal da Stephanie Schroeder, todos os argumentos listados em cima estão automaticamente refutados.


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