sábado, 18 de julho de 2015

O porquê do "casamento" homossexual não funcionar

Por Joseph Sciambra 

Durante os mais de 10 anos que passei dentro do estilo de vida homossexual, por duas vezes me tornei no "outro homem" dentro do assim-chamado "casamento homossexual". Por aquela altura, e visto que o "casamento" homossexual ainda não havia sido reconhecido nos EUA, ambas as duplas haviam sido "casadas" em cerimónias privadas realizadas por um clérigo prestativo. Uma das duplas encontrava-se na casa dos 40 enquanto que a outra estava na casa dos 50.

De forma geral, ambas as duplas haviam chegado a San Francisco (provenientes de outras partes do país) durante a agitação inicial do movimento dos direitos dos homossexuais da década 70. Naqueles dias, e segundo o que todos eles me disseram, cada pessoa tomou o seu lugar activo dentro do hedonismo e da promiscuidade que iria mais tarde causar a epidemia da SIDA. De facto, um dos homens havia-se tornado seropositivo, perdido o seu antigo parceiro, e "casado" mais tarde com o [na altura] actual e seronegativo parceiro.

As histórias pessoais eram contorcidas e as associações eram frequentemente complicadas; por vezes, todos eles "brincavam" juntos, noutras vezes, "brincavam" separadamente. Ocasionalmente, a inveja entrava em cena, mas mais frequentemente existia uma penetrante atmosfera de depressão e ansiedade que englobava tudo e todos. Curiosamente, nestes relacionamentos, frequentemente com os participantes a viverem dentro de ambientes Victorianos muito bem restaurados em redor da zona Castro, eu desejei internamente por alguns momentos de paz doméstica.

Surpreendentemente, eu vi que eles eram tão disfuncionais como o resto de nós, que éramos jovens e ainda tomávamos parte das discotecas, dos balneários e dos clubes de sexo. O "casamento" homossexual não havia mudado ninguém - apenas havia dado um bocado de consolo para os sobre-sexuados e para os cansados. 

De forma geral, como era o caso (e mais ainda depois da revolução sexual), os homens homossexuais entram nesse estilo de vida quando se encontram no final da adolescência, no princípio dos seus anos 20. Durante essa fase etária, há muitas oportunidades para a pessoa se expressar e para fazer experiências. Este poder recém-descoberto pode ser ocasionalmente arrebatador.

Por exemplo, a dada altura tu foste o rapaz que ninguém queria na equipa, ou o rapaz com o pai demasiado crítico e com falta de amor, ou o rapaz assustadiço que foi tocado por alguém. De repente, tu estavas com pessoas que, de modo geral, haviam passado pelas mesmas coisas, embora nunca chegassem a admitir. Em vez disso, todas as pessoas agem de modo teatral segundo o trauma pelo qual passaram durante a infância numa cerimónia bizarra de reencenação como cura.

Agora, pode-se dançar na multidão, sentir os corpos quentes perto do teu, e imaginar que finalmente fazes parte dum grupo; os homens mais velhos, que querem que tu lhes chames de "pai", convidam-te para sair. Aquele momento de vergonha e embaraço da nossa infância já não parece tão estranho ou horripilante porque o mesmo pode ser vivido vez após vez, e pode-se obter prazer sob aquilo que tu pensas estar a acontecer segundo os teus próprios termos.

Quando eu estava nos meus anos 20, este cenário passou por diversas vezes na minha vida. No entanto, as coisas foram ficando sempre mais perigosas, mas eu acreditava que valia a pena correr os riscos como forma de encontrar o amor. Só que, e à medida que ia vendo cada vez mais amigos meus a morrerem de SIDA, drogas e suicídio, muitos daqueles que se encontravam ao meu redor - pessoas a entrar na casa dos 40 ou 50 - começaram a abandonar esta vida. Tal como eu, a perigosa imprudência de se ser jovem e homossexual começou a perder o seu fascinio, e, então, talvez uma nova forma de felicidade se pudesse encontrar na forma mais madura da monogamia homossexual.

À periferia do existência homossexual - no era pré-"casamento" homossexual dos anos 90 - existiam pequenos enclaves de homens de meia idade que haviam atravessado a perversidade de sua juventude, e sobrevivido, só para se tornarem um poucos mais deliberados, mas de modo incremental mais alienados da sexualidade exuberante do que é ser-se homossexual. 

Parte deste exílio auto-imposto era o resultado directo da obsessão homossexual pela juventude e pela forma musculada da virilidade. Alguns lutaram contra isto, recriando-se a eles mesmo (através do uso de tratamentos com hormonas e exercício físico infindável) em "pais" hiper-masculinos; alguns antigos twinks regressaram dentro na pornografia como tops; (twink é calão homossexual para o jovem submisso e top refere-se ao homossexual mais dominante e insertivo.)

Muitos homossexuais continuaram fora, escolhendo iniciar uma relação com outros homens da mesma faixa etária. A SIDA frequentemente tomava muitos amigos e amantes, e isto trazia consigo um medo que se canalizava para um certo tipo de monogamia forçada. Mas havia uma difusa sensação de desconforto que azedava tudo.

No ano de 1989, quase 10 anos mais tarde, eu era o intruso ou o "outro homem" dentro dum relacionamento homossexual ("casamento"). Durante a maior parte do tempo, eu era trazido acrimoniosamente - para "brincar" com um ou com o outro - porque o fervor inicial e o medo que haviam causado o relacionamento estavam lentamente a caminhar para uma apatia conjugal e aborrecimento sexual. 

Na primeira vez, os parâmetros e as fronteiras psico-sexuais foram claramente definidas à partida; embora eu estivesse a ser aceite como um participante erótico na relação, nenhum dos dois haveria de ficar emocionalmente envolvido comigo. Por essa altura, sendo jovem como era, isso era suficiente para mim; só o facto de estar perto de dois homossexuais aparentemente bem-ajustados, e que eram aparentemente haviam saído ilesos dos míticos anos 70, era uma pausa dos constantes mas insignificantes encontros duma noite ou encontros nas saunas. Talvez isso também representasse algo que era indefinível - que através do infindável sexo eu buscava apenas uma pessoa a quem amar. Só que esta versão pervertida de amor marital foi tudo o que eu encontrei - e por alguns momentos, parecia real.

A segunda vez ocorreu quando eu era muito mais velhos, e a rapidamente a ficar queimado, e chegando à idade onde eu não mais conseguiria acompanhar fisicamente ou mentalmente o acelerado ritmo fogoso do homossexualismo moderno. Fiquei chocado por dar por mim a ser chamado de "pai" com a idade de 28 anos; parecia que não havia sido há muito tempo que eu era o jovem e o impressionável em busca dos mais vividos e dos mais experientes.

Ser chamado de "pai" fez-me sentir prematuramente velho ao lado do novo grupo de adolescentes, mas também trouxe até mim uma entorpecente sensação de falhanço: a felicidade que eu não havia encontrado enquanto era um jovem núbil sob a tutelagem de homossexuais mais velhos, teria que encontrar agora, sendo um suposto instrutor mais velho.

Não encontrei, e como tal, voltei-me para homens ainda mais velhos. Esta nova dupla, que por essa altura estava nos seus nos 50, era um par de antigos libertinos. Tal como todas as pessoas que haviam escapado da foice indiscriminada da SIDA, eles encontraram alguma segurança quando se tornaram em colegas de quarto "com benefícios".

Quando eu os encontrei, a sua vida sexual era segura, mas rotineira. Eu fui trazido para o meio deles como forma de mudar tudo isso. Embora eu tenha observado afeição  genuína entre eles, ela era parecida à camaradagem instantânea que liga de maneira indelével todos os sobreviventes do horror. Esta era a característica que eu havia testemunhado em todas as duplas homossexuais - isto é, um laço de sofrimento inflamado pelas suas memórias comuns da infância que havia dado errado - pais fracassados, histórias de rapazes vítimas de bullying, e noites longas a chorar em busca de amor.

Este era um "casamento" forjado através da experiência - experiência de sair do armário, de sentir um orgulho inicial e uma esperança dentro do estilo de vida homossexual, e de ser mais tarde esmagado pela realidade do egocentrismo colectivo homossexual e da sua propensão para o sexo sem-sentido.  Eles fogem disto, e ao fazê-lo, revelam a sua inerente disfuncionalidade.

Mas essa instabilidade apenas é miniaturizada e refinada quando ela ocorre dentro duma relação. As coisas rapidamente se tornam ou em pulverização catódica ou em combustível. Devido à ausência da complementaridade entre os pólos opostos do macho e da fémea, o choque de testosterona agita e antagoniza. A aparente felicidade  harmoniosa decai e o calor inicial entre os parceiros arrefece; eles tornam-se co-dependentes mas sedentos duma plenitude que nunca se materializou durante a sua união. 

Tal como o mais alargado mundo do homossexualismo masculino, a sua relação torna-se doentia; o sexo é o denominador comum, tal como o seu controle fascista sobre aqueles que aceitam e se sujeitam à sua dominação, e eles ficam impotentes contra a necessidade espinhosa de extinguir o fogo inextinguível do amor não-realizado - o homem perfeito ainda por ser encontrado.

Como o "outro homem", senti de modo instintivo este desconforto, um armistício inquietante que acabava sempre em frustração sexual. Isto acontecia porque a relação homossexual era uma irmandade nascida da ansiedade e da apreensão; a realização de que o mundo homossexual gira para fora de controle, picando de modo incessante cada grupo de recém-chegados.

Logo, a obsessão actual pelo "casamento" homossexual não é um passo rumo a uma versão da monogamia heterossexual transladada para a mente dos homens homossexuais, mas uma fuga rumo à segurança, e a realização inconsciente de que até agora, nada (descriminalização, emancipação sexual e aceitação) funcionaram.

Eu vi isto em ambas as duplas do meu passado, visto existir um orgulho palpável que se glorificava na sua habilidade de aparentemente terem superado o estereótipo do homossexual maluco por sexo, tornando-se mais políticos à medida que os anos 90 iam passando.

Mas isso cobria a realidade da situação; que estes pactos eram formados como uma resposta desesperada à realidade da depravação homossexual, e à expulsão forçada de certos homens homossexuais considerados demasiado velhos para serem desejáveis; a tendência destes homens de se esconderem em círculos protectores; a natureza transitória de monogamias tensas dentro destes relacionamentos, e a rápida re-invasão da forma de pensar homossexual; a abertura dos pares homossexuais; a firme arrogância dos homens que "já estão juntos há anos" apesar da sua historia mútua de aventurismo sexual contínuo. 

No fim, tudo isto não passa dum faz-de-conta, um último esforço para se salvar um estilo de vida que é intrinsecamente auto-destrutivo. 

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