domingo, 6 de março de 2011

Homossexual Justin Raymondo critica agenda gay

(Fonte)

Abaixo um ótimo texto escrito por um intelectual gay, Justin Raymondo.

Leiam abaixo, e depois comento:

Os ativistas gays do passado pediam que o governo os deixasse em paz. Seu programa político era focado em descriminalizar relações homossexuais entre adultos que consentiam a relação. Mas hoje, proporcionalmente ao crescimento da tolerância à homossexualidade, ativistas gays estão cada vez mais pedindo ao governo para impor sua agenda sobre a sociedade. Mesmo que o poder do estado tenha sido usado contra gays desde a Idade média, repentinamente líderes gays atuais parecem compor uma união declarando: “Agora é a nossa vez”. Isso é uma grande ironia – e uma causa em potencial de problemas para os homossexuais e tumultos para a America.

A origem do movimento de liberação gay na America pode ser definida como a tarde de Junho, 27, 1969, quando patrocinadores do Stonewall Inn, um bar homossexual em Manhattan, resistiram a uma tentativa da polícia fechar o local. Por três dias, uma rebelião na vizinhança evitou de forma efetiva que a polícia executasse uma velha tradição de fechar as portas dos bares gays e prender aqueles que não pagassem propina. Na queixa oficial, os operadores do Stonewall foram citados pela ausência de licença para vender bebidas. Mas mesmo que eles tivessem essa licença, temos dúvidas se sua requisição seria atendida: o comitê de licenciamento estadual era naturalmene hostil aos grupos gays. Os primeiros militantes gays modernos estavam, então, se rebelando contra regulação. De fato, se tornar livre do governo geralmente era uma idéia central da liberação gay.

Mas algo aconteceu para distanciar o movimento gay de seu objetivo original. Hoje, o chamado movimento pelos direitos gays vê o governo como a agência, não como inimigo, da liberdade. Da medicina socializada à legislação anti-discriminação até as lições obrigatórias de “tolerância” nas escolas, não há sequer um esquema focado em aumento do poder do governo que esses alegados lutadores da liberdade não apóiem.

Enquanto atos homossexuais entre adultos sob consentimento são ilegais em alguns estados, eu acredito que as organizações dedicadas à repelir essa idéia tem um lugar legítimo na constelação de causas por direitos humanos. Além deste objetivo estritamente limitado, entretanto, um movimento político baseado em orientação sexual é uma aberração grotesca. As evidencias mostrando que os movimentos de direitos gays têm assumido um estilo cada vez mais autoritário é o resultado inevitável de assumir as causas políticas com base em lealdade de clã, ao invés de princípios filosóficos.

Em uma sociedade livre, não existem direitos gays, apenas direitos individuais. Para os homossexuais e heterossexuais em geral, estes direitos se resumem a um único princípio: o direito de ser deixado em paz. Politicamente, os movimentos de direitos gays deveriam retornar às suas raízes libertárias. Isso iria iniciar o processo vital de despolitizar a homossexualidade e minar a criação de uma cultura de guerra que a minoria gay jamais poderá vencer.

Mesmo a “neutralidade” estatal que gays “centristas” como Andrew Sullivan defendem iria forçar o tratamento governamental de forma equânime à heterossexualidade, como visto nas requisições de Sullivan pelo pseudo-“casamento” gay e a presença de gays assumidos no exército. Verdadeira neutralidade, entretanto, não iria envolver reconhecimento, mas indiferença, ausência de atenção, inércia. Um estado neutro não iria penalizar nem promover o comportamento homossexual. Ele não iria nem sequer proibir nem dar status legal ao casamento gay. Em um ambiente militar, um estado neutro iria submeter toda sexualidade à mesma rigorosa regulação.

Gays deviam rejeitar a idéia nonsense que eles são oprimidos pelo “heterosexismo”, uma ideologia má que subordina e denigre homossexuais pela insistência da centralidade da heterossexualidade na cultura humana. Não há uma base para isso na biologia humana, entretanto algo que pode ser chamado de projeto reúne acadêmicos organizados em uma imaginação que define a sexualidade humana como uma “construção social” a ser alterada conforme a vontade. Homossexuais são e sempre serão uma raridade, uma pequena minoria necessariamente distante da família tradicional. O “viés” heterossexual das institutições sociais não é algo que precisa ser imposto em uma sociedade relutante por um estado opressivo, mas uma predileção que surge de forma natural e inevitável. Se isto é “homofobia”, então a natureza é intolerante. Se os gays usam o poder do estado para corrigir esta “injustiça” histórica, eles estão envolvidos em um ato de hostilidade que irá ser encarado justamente como um desafio à primazia da família tradicional.

Mesmo muitos liberais gays reconhecem que o modelo de direitos gays já tornou obsoletas quaisquer utilidades que alguma vez já existiram. A idéia de que pessoas gays, particularmente homens gays, como um grupo de vítimas é tão contrário à realidade que não é sustentável. Em cenários econômicos, políticos e culturais, a influência gay ocorre em maior proporção do que seus números, um fato que tem alimentado várias teorias da conspiração. Dos Cavaleiros de Malta medievais ao “Homintern” misterioso de tempos modernos, o tema com a idéia de uma cabala homossexual poderosa é persistente na literatura conspiratória, que mimetiza a forma e o estilo da campanha anti-semita.

Coberto com a propaganda de vitimização dos últimos 20 anos, esta imagem do poder homossexual secreto é combinada para produzir um perfil extremamente desagradável: uma criatura de altos privilégios que lamenta-se constantemente sobre sua situação. Se a liderança política gay realmente está tão preocupada sobre o alegado crescimento da liderança anti-gay, talvez eles deveriam se preocupar em projetar uma imagem menos atacável.

Como se fosse um contingente militar especializado em empurrar o socialismo “multicultural” goela abaixo dos habitantes da América, o lobby gay capitaliza nas piores inseguranças de seus membros. Sempre mantendo em voga o bicho-papão da “Direita religiosa”, para manter suas tropas em linha, os políticos gays apontam para Jesse Helms e dizem: “Sem nós, você não teria chance alguma contra eles”.

Mas na verdade nenhum dos grandes conservadores religiosos propôs medidas legais contra homossexuais. A Christian Coalition, o Eagle Forum, e outros ativistas conservadores arraigados apenas se envolveram em atividades políticas “anti-gay” de forma defensiva, trabalhando para reverter as legislações de direitos gays que atacaram suas crenças mais valorizadas.

A liderança do movimento gay está brincando com fogo. A grande tragédia é que eles não serão os únicos queimados. A volatilidade das questões que eles têm levantado – que envolvem religião, família, e as premissas mais básicas do que significa ser humano – criam o risco de uma explosão social pela qual eles devem ser responsabilizados. O arrojo da tentativa de introduzir um currículo “positivo” gay nas escolas públicas, a posição militante de vítima que não aceita nenhum questionamento, a intolerância absurda uma vez que ganham o poder em guetos urbanos como San Francisco – tudo isso, combinado com o fato de que o paradigma de direitos gays em si representa uma invasão insuportável da liberdade, tendem a produzir uma reação da maioria.

É tempo de desafiar a ficção de que o movimento de “direitos gays” fala por todos ou mesmo pela maioria dos gays. Eles não falam. A legislação de direitos gays viola os princípios ao liberalismo autêntico, e homossexuais deveriam se voltar contra ela – para se distanciar dos excessos de um movimento militante destrutivo, para ajudar a evitar danos sociais e corrigir alguns erros graves. Estes erros são o assalto político cometido contra a família heterossexual pelos teóricos da revolução dos direitos gays; a infinita ridicularização da religião promovida pela imprensa gay; e o ilimitado desprezo por toda tradição e “valores burgueses” que permeiam a subcultura homossexual.

E a busca por uma “etnicidade” gay é tanto uma via sem saída como um esforço para solidificar um movimento político gay. Em nenhum sentido homossexualidade é comparável, vamos dizer, a ser um Armênio. Não existe cultura gay separada da cultura em geral, e a despeito de alegações pseudo-científicas em contrário, não há uma raça gay codificada nos genes. Há apenas comportamento assumido por um grupo diverso de indivíduos, cada um agindo a partir de seus motivos e predisposições particulares.

Esforços para santificar tal comportamento, ou para explicá-lo de forma que ele não tenha conteúdo moral, são contraprodutivos além de serem inconvincentes. Esforços para reconciliar a homossexualidade com os costumes e crenças religiosas da maioria é conceder ao grupo o direito que as pessoas, gays ou não, realmente não possuem – o direito, aliás, não deve justificar sua existência.

A obsessão com a idéia de “sair do armário”, e a auto-centralização basicamente feminina que tal ritual implica, é certamente outro aspecto do qual o movimento gay deve se afastar. Nós realmente precisamos saber o inclinamento sexual de nossos vizinhos e parceiros de trabalho, ou mesmos nossos irmãos e irmãs, tias e tios?

Esperar aprovação ou sanção official para uma matéria tão pessoal como sexualidade é um sinal de caráter fraco. Para uma solicitação (não, demanda) tão desaforada, tal aprovação sob a forma de algum ato do governo é um ato de incomparável mau gosto. Da mesma forma, é uma confissão de tão devastadora falta de amor próprio, de vazio interior, que sua expressão pública é difícil de dimensionar. Auto-estima não é uma qualidade a ser obtida nos outros, nem pode passar a existir via legislação.

A história do movimento gay revela que ideologia e Eros são antípodas. Política, como disse Orwell, é simplesmente um “sex gone sour”, na qual sour (ácido) certamente descreve a visão de mundo dos dogmatistas dos direitos gays. Isso é evidente apenas ao olharmos para eles: sitiados por todos os lados por uma sociedade “heterossexual”, e geralmente demasiadamente sozinhos para arrumar um encontro, estas pobres almas tem dessa forma que politizar sua sexualidade que mal podem alegar realmente existir.

Ao invés do excessivo moralismo da “visibilidade” gay, uma resolução razoável da Questão Gay deveria solicitar um retorno às maravilhas da vida privada, a redescoberta da discrição ou mesmo anonimidade. A politização do cotidiano – do sexo e as principais instituições da cultura – é uma moda que deve ser fortemente resistida, não apenas por gays mas também por amantes da liberdade em qualquer esfera da atividade humana.

Meus comentários

Mas não é que o Justin Raymondo está correto?

Ele me lembra os discursos do Clodovil, que sempre rejeitou a ditadura gay.

Enfim, Clodovil era gay, mas não um gayzista. Assim como Raymondo.

Precisamos saber se os movimentos gays falam por todos os gays ou apenas por grupos de esquerda que querem USAR os gays de forma política.

Vale o mesmo em relação aos neo ateus/humanistas. Será que eles representam todos os ateus ou apenas são um grupo USANDO os ateus de forma política?

É importante investigarmos essa postura, pois temos que retaliar tanto os ataques dos movimentos gays como dos movimentos humanistas.

Mas isso não implica um ataque aos gays e ateus.

Somente àqueles que estão contra nós.

1 comentário:

  1. Justin Raymondo expressa de forma aritmética e lógica várias idéias que sempre perfilhei. E finaliza magistralmente ao declarar sobre as maravilhas da vida privada ou da redescoberta da discrição ou mesmo do anonimato. Tantas canseiras, conflitos, tragédias, desperdícios de recursos humanos, financeiros, de tempo seriam erradicadas com o concurso desse bom senso.

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