A polícia do Uganda entrou nos escritórios de uma organização norte-americana que presta auxílio a homossexuais infectados com o vírus HIV, na primeira acção pública das autoridades para fazerem cumprir a lei anti-gay aprovada há duas semanas.
A operação tinha sido negada por um porta-voz da polícia ugandesa, Patrick Onyango, mas foi depois confirmada por um responsável do Governo, Ofwono Opondo.
Onyango disse que as autoridades estavam à procura de um homem que se fez passar por polícia eque ameaçou os funcionários do Projecto Walter Reed, uma organização localizada na Universidade Makerere, em Kampala.
Mais tarde, um porta-voz do Governo, Ofwono Opondo, confirmou a acção policial através da sua conta na rede social Twitter: "A polícia entrou no Projecto Walter Reed na Universidade Makerere, que prepara jovens para a homossexualidade."
O mesmo responsável escreveu que "um diplomata de topo" é suspeito de "pagar 100.000 shillings ugandeses [cerca de três cêntimos de euro] por cada masturbação".
Os responsáveis pela organização anunciaram o "encerramento temporário das actividades", depois de a polícia ter "detido um cidadão ugandês nas instalações do projecto em Kampala". "O indivíduo foi libertado sem qualquer acusação no mesmo dia. Estamos a trabalhar com a polícia para perceber as circunstâncias em que esta pessoa foi detida. Até termos uma ideia mais clara sobre a base legal desta acção policial, o programa está temporariamente suspenso para garantir a sua integridade e a segurança dos funcionários", lê-se num comunicado publicado no site da organização.
Os responsáveis do Projecto Walter Reed dizem também que estão a "trabalhar directamente com os pacientes para garantir que o seu tratamento não é interrompido".
Um dos mais destacados activistas dos direitos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgéneros) no Uganda, Frank Mugisha, destacou a importância do Projecto Walter Reed, que é resultado de uma parceria entre a Universidade Makerere e o Programa de Investigação de HIV das forças armadas norte-americanas. "Muitas pessoas LGBT iam lá receber o seu tratamento anti-retroviral", disse à agência Associated Press Frank Mugisha, distinguido com o Prémio de Direitos Humanos Robert F. Kennedy em 2011.
O Presidente do Uganda, Yoweri Museveni, promulgou no dia 24 de Março uma lei que torna a homossexualidade um crime punível com prisão perpétua. Aprovada em Dezembro de 2013 no Parlamento por uma larga maioria, a nova lei considera igualmente crime a promoção da homossexualidade e a ausência de denúncia.
A assinatura da lei foi acompanhada de fortes aplausos de funcionários governamentais. "Há uma tentativa de imperialismo social, de impor valores sociais. Lamentamos ver que vocês [o Ocidente] vivem da maneira como vivem, mas mantemos silêncio sobre o assunto", disse Museveni.
Os doadores internacionais ameaçaram cortar o auxílio se a lei entrasse em vigor e o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que a nova legislação – que descreveu como "um passo atrás para os ugandeses" – complicaria as relações entre os dois países.
Poucos dias depois da aprovação da lei, o Banco Mundial anunciou o adiamento de um empréstimo de 90 milhões de dólares (mais de 67 milhões de euros) ao Uganda, mas o país pode beneficiar do facto de ser um importante aliado dos países ocidentais na luta contra o extremismo islâmico na Somália, onde os seus militares constituem o núcleo essencial da força de paz da União Africana.
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Isto tem toda a aparência de ser mais um caso dos EUA a usar o "combate à SIDA" como forma de promover o homossexualismo.
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