Por Luis Pabon
Já não quero ser homossexual. Sei que superficialmente esta declaração
tresanda a negação, auto-aversão, e homofobia internalizada, coisas
tipicamente associadas à aceitação e à integração da sua própria
homossexualidade, mas a verdade é que eu já não quero ser homossexual.
Este estilo de vida durou para além do seu prazo de utilidade. Vivi
todos os aspectos dessa vida e posso afirmar com segurança que ela já
não está de acordo com a pessoa que sou ou quero vir a ser.
Nem sempre me senti assim. Inicialmente vim para esta comunidade em
busca de amor, intimidade, e irmandade. Em vez disso, obtive trevas,
infidelidade, solidão e desunião. A
auto-aversão que existe dentro da comunidade homossexual leva-nos a
encontrar uma série de homens emocionalmente desequilibrados que são
auto-destrutivos, nocivos, cruéis e vingativos uns para com os outros.
Lutei para modificar o meu código moral de modo a que se ajustasse aos
comportamentos concomitantes inerentes ao estilo de vida, mas parece
que esse estilo de vida está a forçar-me para longe de tudo o que amo e
valorizo. Por mais que eu tente purgar a minha percepção das suas
crenças estabelecidas e preconceitos distorcidos, os mesmos
estereótipos clássicos dos homens homossexuais continuam a aparecer na
minha mente. O sexo indiscriminado, a superficialidade, os
relacionamentos instáveis, o auto-ódio, o síndrome Peter-Pan, as uniões
ocultas, o preconceito com a idade ["ageism"], os momentos sombrios, a
solidão, a preocupação com o sexo, o preconceito, e a aversão à
intimidade são coisas que parecem surgir do chão onde eu pensava que
elas estavam enterradas.
Parece que os homens homossexuais têm dificuldade em transcender os
estereótipos e os clichés associados ao seu estilo de vida, e isso está
tornar-se desanimador.
Já se passaram 7 anos desde que tomei a decisão de abertamente viver a
minha vida como um homem homossexual, e a caminhada não tem sido fácil.
A mesma tem estado cheia de dor e angústia, que inicialmente eu tentei
esconder com o álcool, com as drogas, com o sexo e com as festas.
Inicialmente, foi difícil admitir que eu gostava de outros homens, mas gostava de homens
e isso era uma experiência libertadora. Ela deu-me a oportunidade de
afirmar a minha identidade depois de ter passado anos a batalhar com
isto. Ela deu-me também a oportunidade de ser o meu próprio activista e
enfrentar a oposição da minha família, dos meus amigos, e da sociedade
como um todo.
Eu sentia orgulho no meu orgulho homossexual, e sentia como se isso
fizesse parte de algo maior do que a minha vida - um movimento de
homens que amava outros homens e que não tinha receios em exibi-lo. Era
suposto o nosso amor ser um acto revolucionário, mas a realidade dos
factos é que nós não nutríamos amor uns pelos outros; nós apenas estávamos apaixonados com a ideia de pertencermos a algo, e com a ideia de estarmos na contra-mão.
Nós gostávamos da liberdade e do tabu de nos revoltarmos contra os
costumes sociais. O amor que nós pensávamos que fazia parte da
afirmação da nossa revolução nada mais era que uma faca que nós viramos
contra nós próprios sob a máscara de entretenimento e de momentos de
diversão.
Pessoalmente, eu acho que amor é sacrifício, e actualmente não há
muitos homens homossexuais que estejam dispostos a se sacrificar pelos
seus irmãos. Inicialmente, o espírito de auto-sacrifício esteve
saliente durante a crise da SIDA, no princípio dos anos 80, quando os
recursos eram poucos e as pessoas estavam assustadas. Mas hoje, parece
existir uma preocupação com a sedução do risco à medida que os homens
homossexuais vão brincando com o fogo, tentando dar início a uniões com
significado na sua perpétua auto-descoberta.
O prémio maior da intimidade é normalmente deixado de lado em favor da gratificação imediata dum encontro casual na craigslist ou num encontro geo-social no Grindr. Os carros passaram a ser os novos quartos, e o sexo não precede conversas de almofada mas sim conversas do tipo, "Blo and Go", “Pump and Dump” e “Skeet and Leave”.
Esta vida começa a parecer (e muito) como uma morte lenta a ferver
sobre fogo brando, e para mim, ela já não tem o mesmo apelo que no
passado chegou a ter. Esta é uma vida a precisar desesperadamente de
renovações.
Antigamente os homens eram homens, e aproximavam-se de ti com uma
pitada de coragem cavalheiresca. Hoje em dia, eles escondem-se por trás
de máscaras electrónicas ou posicionam-se na tua vizinhança dentro dos
clubes, esperando que tu dês início ao contacto apenas e só para
arrogantemente recusar os teus avanços numa tentativa de projectar o
seu desconforto. Eles querem homens que não os querem, homens que se
assemelham à distância emocional ou ausência dos seus pais.
Sou demasiado novo para ter saudades dos bons dias do passado, mas esta
vida faz com que tenhas saudades do que significava ser homossexual.
Faz com que tenhas saudades dos tempos em que um homem te saudaria e te
ofereceria uma bebida, em oposição a ele dizer-te o tamanho do seu
pénis e as suas estatísticas sexuais. O meio termo da cortesia foi
eliminado e em seu lugar foi colocado um diabo imoral que diariamente te assiste na tua destruição.
Embora eu reconheça a minha atracção por homens, escolho não mais me
associar com uma vida que existe fora da moralidade e da bondade. O
estilo de vida homossexual é como o amor dum bad boy cuja atenção e amor tu inicialmente buscas, mas eventualmente avanças para além desse estado. Já não é aí que eu me revejo.
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