Por Trayce Hansen, Ph.D.
Levei a cabo uma revisão a todos os estudos que consegui localizar que
avaliavam a preferência sexual das crianças educadas por duplas
homossexuais. Nesta minha avaliação eu estabeleci dois critérios:
Primeiro: os autores tinham que ser pesquisadores
pró-homossexualismo visto que de outra forma, os críticos poderiam desqualificar os seus resultados.
Segundo:
eu só busquei estudos que utilizavam sujeitos com 18 anos, ou mais,
visto que muitos indivíduos não se auto-identificam como homossexuais
até depois dessa idade (Patterson, 1992).
Infelizmente, poucos estudos
preencheram o critério dos 18 anos, e devido a isso, e como forma de
maximizar o número de estudos presentes na minha pesquisa, inclui
estudos com sujeitos com idades que poderiam chegar ao 14 anos. Devido
à inclusão de estudos com sujeitos com tão baixa idade, a percentagem
reportada de crianças não-heterossexuais pode ser sub-estimativa.
Os pesquisadores pró-homossexualismo alegam com frequência que os
estudos levados a cabo "não apuram qualquer diferença" entre as
crianças educadas por heterossexuais e crianças educadas por
homossexuais. Surpreendentemente, estas alegações são feitas nos
resumos de estudos de pesquisa que, na verdade,
apuram diferenças entre os dois tipos de crianças (Williams, 2000). A
tendência de negar ou minimizar as diferenças já foi reparada por
pesquisadores pró-homossexualismo. Depois de rever 21 estudos, Stacey e
Biblarz (2001) concluíram que em relação ao género [sic], comportamento
sexual, preferência sexual, as crianças homossexualmente educadas são
diferentes das crianças heterossexualmente educadas.
Mas apesar destas diferenças, muitos continuam a alegar que "não
existem diferenças" entre os dois tipos de crianças, e isto é feito
como forma de galvanizar o apoio para o acesso homossexual às clínicas
d fertilidade, à adopção, à custodia, e ao "casamento" homossexual.
Encorajar o apoio a uma causa é normal, desde que esse apoio se
fundamente na disseminação de informação verdadeira. Mas neste caso, isso não acontece.
Outros pesquisadores reviram os estudos em torno da paternidade
homossexual e concluíram que 1) ou eles são demasiado problemáticos
para se fazer qualquer tipo de alegação conclusiva (Belcastro,
Gramlich, Nicholson, Price, e Wilson, 1993; Baumrind, 1995), 2) ou são
metodologicamente tão inadequados que não se podem extrair conclusões a
a partir deles (Lerner and Nagai, 2001).
Os pesquisadores pró-homossexualismo, bem como os outros activistas,
não podem defender as duas posições: Ou os dados apurados por estes
estudos são válidos e as duplas homossexuais são mais susceptíveis de educar crianças não-heterossexuais, ou estes estudos não são válidos e as suas alegações de que "não existem diferenças" não fazem sentido.
Eu sou de opinião de que, embora não se possam fazer conclusões
definitivas com base nestes estudos, eles sugerem que os pais
homossexuais estão a criar um número desproporcional de crianças
não-heterossexuais. Isto não é surpreendente visto que os pais são as
influências primárias na vida das crianças. Crianças educadas com pais
com um estilo de vida, valores e atributos distintos são mais
susceptíveis de se tornarem distintas das outras crianças (Baumrind
1995).
Stacey e Biblarz (2001) escreveram:
É
difícil conceber uma teoria de desenvolvimento sexual credível que não
espere que as crianças adultas de pais lesbigays não exibam de alguma
forma uma maior incidência de identidade, comportamento e desejo homoerótico que as crianças de pais heterossexuais.
Finalmente, e talvez o mais importante, as falhas metodológicas nos
estudos existentes em torno da paternidade homossexual (tais como
amostras não representativas, falta de grupos de controle, e
especificações não longitudinais) ressalvam a necessidade duma pesquisa
rigorosa e imparcial, de modo a que conclusões mais rigorosas em
relação à identidade sexual e genérica das crianças educadas por duplas
homossexuais possam ser extraídas. Até lá, olhemos para os estudos que
já existem de modo a apurar as tendências sugestivas.
A Revisão:
Esta revisão é uma pesquisa feita a nove estudos que se enquadra nos
critérios acima delineados, e os resultados encontram-se limitados
pelas fragilidades, limitações, e problemas já descritos (Belcastro,
et. al., 1993; Baumrind, 1995; Lerner e Nagai, 2001). Ela é descritiva
na sua natureza, e apenas disponibiliza informação geral.
Com base na média encontrada nos 9 estudos que se seguem, 14% das crianças educadas por pais homossexuas desenvolvem preferências homossexuais ou bissexuais.
Estes estudos reportaram que as taxas de não-heterossexualidade variam
dos 8% aos 21%. As percentagens mais frequentemente reportadas foram de
14% e 16% (dois estudos cada um). Como termo de comparação, dados das
melhores pesquisas nacionais revelam que aproximadamente 2% da
população é não-heterossexual (Laumann, Gagnon, Michael, e
Michaels,1994).
Logo, se estas percentagens forem confirmadas através de estudos com
melhor construção, as crianças educadas por homossexuais parecem ser sete vezes mais susceptíveis
de desenvolverem preferências homossexuais ou bissexuais, quando
comparadas com as crianças educadas por heterossexuais. E, tal como ja
foi explicado previamente, 14% pode ser uma sub-estimativa devido à
baixa idade de muitos dos sujeitos destes estudos.
Os nove estudos, ordenados alfabeticamente, são pesquisados a seguir e
eles incluem os resumos dos autores ou as descrições disponibilizadas
por outros, seguidos pelos meus comentários e/ou análise.
1. Bailey, J. M., Bobrow, D., Wolfe, M, & Mikach, S. (1995). Sexual orientation of adult sons of gay fathers. Developmental Psychology, 31(1), 124-129.
Abstracto do autor:
O
desenvolvimento sexual dos pais gays ou lésbicos é interessante, tanto
por motivos científicos como por motivos sociais. O presente estudo é,
até hoje, o maior a focar-se na orientação sexual dos filhos adultos
dos homens gays. Com base na publicidade em publicações gays, foram
recrutados 55 homens gays ou bissexuais que reportaram 82 filhos com
pelo menos 17 anos de idade. Mais de 90% dos filhos cuja orientação
podia ser avaliada reportaram ser heterossexuais. Para além disso, os
filhos gays e heterossexuais não se distinguiam em variáveis
potencialmente relevantes tais como o tempo de vivência com os seus
pais. Os resultados sugerem que qualquer influência ambiental dos pais
gays sobre a orientação sexual dos filhos não é grande.
Os meus comentários:
Este estudo usou duas formas para classificar a não-heterossexualidade
dos filhos adultos criados por homens homossexuais. Primeiro,
perguntaram aos pais para classificar se os seus filhos eram
heterossexuais ou não-heterossexuais. Os pais que reportaram estar pelo
menos "virtualmente certos"
da preferência sexual dos filhos, reportaram que 7 entre 75 dos
filhos, ou 9%, era não-heterossexuais. Convém ressalvar que dois filhos
cujos pais só estavam "moderadamente certos"
da não-heterossexualidade dos seus filhos foram excluídos da análise.
Se esses dois filhos tivessem sido incluídos, a percentagem dos
não-heterossexuais teria subido para 12%.
O segundo método usado para averiguar o número de filhos
não-heterossexuais de pais homossexuais era a auto-classificação por
parte dos filhos. Dos 43 filhos que se classificaram a eles mesmos,
seis dos 43, ou 14%, auto-identificaram-se como não-heterossexuais.
Certamente que a percentagem de filhos não-heterossexuais é apurada de
melhor forma pelas próprias palavras dos filhos, e desde logo, a
percentagem dos 14% é provavelmente um número mais acertado para esta
amostra.
Na sua discussão, os autores reconhecem que com base em várias pesquisas populacionais em larga escala, "pode
ser alegado que a taxa de homossexualidade nos filhos (9%) é várias
vezes mais elevada que aquela que é sugerida pelas pesquisas
populacionais." E a taxa de 14% de auto-identificados filhos
não-heterossexuais é ainda mais elevada. Note-se na forma como o resumo
dos próprios autores minimiza estes achados.
2. Bozett, F.W. (1988). Social control of identity of children of gay fathers. Western Journal of Nursing Research, 10(5), 550-565.
Descrição demográfica de Bozett:
[O
estudo de Bozette incluiu] 19 sujeitos, 13 fêmeas e 6 machos,
representando 14 pais homossexuais. A idade das crianças variava dos 14
aos 35; 9 encontravam-se na sua adolescência, 6 na casa dos 20, e 4
estavam entre os 30 e os 35. Todos os filhos eram biológicos, excepto 1
que havia sido adoptado por parte dum homem solteiro quando tinha dois
anos. Dois dos seis homens identificaram-se como gays, uma mulher disse
que era bissexual, e os restantes reportaram serem heterossexuais.
Os meus comentários:
De forma abrangente, 16% das pessoas presentes na amostra de Bozett
auto-identificaram-se como não-heterossexuais, um número 8 vezes mais
elevado que a média nacional. Para além disso, muitos teóricos
acreditam que podem existir impactos distintos nas crianças educadas
por homossexuais dependendo do sexo do parente homossexual e o sexo da
criança. Devido a isto, talvez o achado mais dramático feito por Bozett
é o facto de 33% das crianças masculinas educadas por homens homossexuais se identificarem como homossexuais,
e estes resultados podem ser uma sub-estimativa visto que quase metade
dos sujeitos de Bozett eram adolescentes (que mais tarde podem
eventualmente se auto-identificar como não-heterossexuais).
3. Goldberg, A. (2007). (How) does it make a difference? Perspectives of adults with lesbian, gay, and bisexual parents. American Journal of Orthopsychiatry, 77(4), 550-562.
O abstracto do autor:
Poucos
estudos lidaram com as experiências e as percepções das crianças
adultas criadas por pais lésbicos, gay ou bissexuais (lgb). Neste
estudo, foram entrevistadas 46 crianças adultas de pais lgb, e foram
examinadas as suas percepções sobre como o facto de terem sido educadas
por pais lgb os influenciou como adultos. Análises qualitativas
revelaram que os adultos eram mais tolerantes, com mente aberta aberta,
e tinham ideias mais flexíveis em torno do género e da sexualidade como
função do facto de terem crescido com pais lgb. Com frequência, os
participantes sentiam-se no papel de protectores dos seus pais e da
comunidade gay, e alguns desenvolveram esforços para os defenderem
perante os seus pares, membros familiares, e perante a sociedade.
Alguns participantes batalharam com questões de confiança durante a
idade adulta, que eles relacionaram com a experiência inesperada dos
pais de "saírem do armário", bem como com as experiências de serem vítimas de gozo e de intimidação [bullying]. É discutida a importância de se entender estes dados dentro do contexto do heterossexismo social.
Os meus comentários:
As idades dos sujeitos do estudo de Goldberg variavam dos 19 aos 50
anos. Neste estudo, 91% deles acreditava que ter tido pais
não-heterossexuais "influenciou as suas ideias em torno do género e dos relacionamentos", e "sentiam
que ter tido pais lgb os havia levado a desenvolver noções menos
rígidas e mais flexíveis sobre a sexualidade e sobre o género".
Com base nestas crenças, não é de estranhar que 17% dos sujeitos do
estudo de Goldberg se tenham identificado como não-heterossexuais
(lésbicas, bissexuais, ou "gender-queer"). Goldberg sumarizou os seus achados e os achados de outros declarando que as crianças de pais lgb "haviam
sido socializadas para questionar noções rígidas em torno da
sexualidade e do género, e para olhar para uma vasta gama de
identidades sexuais e de género como apropriadas.....". O estudo
de Goldberg apoia de modo directo a crença disponibilizada por outros
pesquisadores (Baumrind, 1995; Stacey & Biblarz, 2001) de que as atitudes sexuais e os estilos de vida dos pais influenciam as atitudes e os estilos de vida dos filhos.
4. Golombok, S. & Tasker, F. (1996). Do parents influence the sexual orientation of their children? Findings from a longitudinal study of lesbian families. Developmental Psychology, 32, 3-11.
O abstracto dos autores:
Os
dados apresentados são de um estudo longitudinal da orientação sexual
de adultos que foram criados por famílias lésbicas. Vinte e cinco
crianças de mães lésbicas e um grupo de controle de 21 crianças de mães
solteiras heterossexuais foram inicialmente analisadas quando tinham
uma média de 9.5 anos, e analisadas outra vez quando tinham uma média
de 23.5 anos. Foram usadas entrevistas-padrão como forma de se obterem
dados em torno da orientação sexual dos jovens adultos no estudo
procedente, e como forma de se apurarem as características familiares e
o comportamento de género por parte das mães e das suas crianças que
fizeram parte estudo inicial.
Embora aqueles provenientes de famílias lésbicas fossem mais
susceptíveis de explorar os relacionamentos homossexuais,
particularmente se o seu ambiente familiar se caracterizasse pela
abertura e pela aceitação dos relacionamentos lésbicos e gays, a larga
maioria das crianças que haviam crescido dentro de famílias lésbicas
identificavam-se como heterossexuais.
Os meus comentários:
Devido ao seu design longitudinal, e embora falho, este estudo é
considerado um dos melhor arquitectados na avaliando as distinções
entre as crianças de lares homossexuais e crianças de lares
heterossexuais (Williams, 2000). O estudo apurou que 8% das crianças
adultas criadas por mães lésbicas auto-identificavam-se como
não-heterossexuais, mas de forma a poderem ser classificadas como
não-heterossexuais, as crianças tinham que se identificar como
não-heterossexuais no momento presente e comprometerem-se a se auto-identificarem como não-heterossexuais no futuro - um método pouco usual de classificar a não-heterossexualidade.
Com base em tal método, é bem provável que muitas pessoas que actualmente
se identificam como não-heterossexuais não tenham sido classificadas
como tal. No entanto, esta classificação pouco usual pode explicar
outro dado apurado pelo mesmo estudo. Quando se examina Avaliação de
Kinsey listada no Quadro 2, um total de 16% dos participantes indicaram
níveis de atracção sexual bissexuais ou homossexuais. Se compararmos
ambos os grupos (crianças educadas por lésbicas versus crianças
educadas por heterossexuais) usando a percentagem de 16%, existem
diferenças significativas entre os dois grupos (Throckmorton, 2004).
Os autores não mencionaram este ponto nem disponibilizaram uma
explicação ou um comentário em relação ao mesmo. Mesmo assim, 16%
daqueles educados por lésbicas tinham níveis de atracção sexual
bissexuais ou homossexuais, enquanto que aqueles que haviam sido
educados por heterossexuais tinham 0% de nível de atracção bissexual ou
homossexual.
Adicionalmente, 67% das crianças de famílias lésbicas disseram que haviam "previamente
considerado, ou imaginado uma futura possibilidade, de virem a
experimentar uma homo-atracção ou ter um relacionamento homossexual, ou
ambos", comparados com apenas 14% das crianças das famílias heterossexuais. Isto são 67% comparados a 14%.
Para além disto, 24% das jovens adultos de lares homossexuais haviam
tido, de facto, um ou mais relacionamentos homossexuais, enquanto que
nenhum dos adultos de lares heterossexuais havia tido. Isto são 24% comparados a 0%.
E finalmente, se subtrairmos os 16% (a percentagem de adultos-crianças
deste estudo que se encontram atraídos a membros do próprio sexo) dos
24% (a percentagem de adultos-crianças nesta amostra que realmente se
envolveu em relacionamentos homossexuais) ficamos com 8%.
Isto significa que 8% das pessoas desta amostra e adultos-crianças
educados por lésbicas haviam tido um relacionamento homossexual embora
elas não tivessem algum tipo de atracção por pessoas do mesmo sexo.
Claramente, este estudo apurou diferenças enormes entre as crianças
educadas por heterossexuais e crianças educadas por homossexuais, e
essas diferenças estão de acordo com a crença de que a paternidade homossexual pode e influencia de facto o comportamento sexual das suas crianças.
Mas apesar das intrigantes distinções reveladas entre os dois grupos
deste estudo, os autores do abstracto ou minimizam essas distinções, ou
omitem-nas de todo. Mais ainda, este estudo é frequentemente citado
pelos pesquisadores pró-homossexualismo como um que demonstra que não
existem distinções entre as crianças educadas por homossexuais e as
crianças educadas por heterossexuais.
5. Hays, D.& Samuels, A. (1989). Heterosexual women's perceptions of their marriages to bisexual or homosexual men. In F. Bozett (Ed.), Homosexuality and the family (pp. 81-100). New York: Harrington Park Press.
O sumário parcial dos autores:
Vinte
e uma mulheres heterossexuais que eram ou haviam estado casadas com
homens bissexuais ou homossexuais e haviam tido crianças com eles,
responderam a um questionário com 28 paginas que explorava as suas
experiências como esposas e mães.
Os meus comentários:
Hays e Samuels apuraram que aproximadamente 12% das crianças da sua
amostra, que tinham 16 ou mais anos, foram reportadas pelas suas mães
como sendo homossexuais. Infelizmente, os autores não reportaram a
divisão por sexo das crianças não-heterossexuais, e devido a isto, a
avaliação das distinções entre os rapazes e as raparigas dos pais
não-heterossexuais não pôde ser calculado. Mais ainda, a percentagem
reportada de crianças não-heterossexuais foi apurada com base nas
declarações das mães, embora a auto-declaração tivesse sido preferível.
Este foi outro estudo que pode ter subestimado o número de crianças
não-heterossexuais devido à tenra idade de muitos dos seus sujeitos.
6. Haack-Moller, A. & Mohl, H. (1984). Born af lesbiske modre [Children of lesbian mothers]. Dansk Psykolog Nyt, 38, 316-318.
Descrição do estudo de Haack-Moller & Mohl:
Haack-Moller
e Mohl levaram a cabo um estudo-procedente, com a duração de 10 anos,
às crianças com mães lésbicas. O estudo original foi levado a cabo por
Nini Leick e John Nielsen. Haack-Moller e Mohl foram capazes de entrar
em contacto com 13 das 15 crianças originais, e as 13 concordaram em se
submeter a outra entrevista. A amostra de crianças era composta por 6
rapazes e 7 raparigas com idades compreendidas entre os 14 aos 31.
Deste pequena amostra, foi reportado que uma das crianças com uma mãe
lésbica tinha uma preferência homossexual, representando 8% do total.
Haack-Moller e Mohl declararam que o lesbianismo das mães havia sido
problemático para as crianças. De forma geral, foi mais difícil para os
rapazes embora ambos os sexos tenham reportado reacções negativas e
problemas com os seus pares. Mais ainda, todas as crianças haviam, a
dada altura, expressado o desejo de ter um pai e uma "família de
verdade".
Os meus comentários:
Mais uma pequena amostra que usou crianças com idades que poderiam
chegar aos 14 anos, aumentando desde logo as chances dos 8% serem uma
sub-estimativa das percentagens genuínas de não-heterossexuais nesta
amostra. Infelizmente, o sexo da única criança homossexual não foi
indicado, e como tal, a avaliação do impacto distinto sobre os rapazes
e sobre as raparigas não pôde ser explorado.
7. Miller, B. (1979). Gay fathers and their children. The Family Coordinator, 28(4), 544-552.
O abstracto do autor:
Entrevistas
profundas foram levadas a cabo com uma amostra-bola-de-neve de 40 pais
gays e 14 das suas crianças. As questões lidaram com a natureza e a
qualidade da paternidade por ambos os homens e pela descendência.
Quatro tópicos frequentemente levantados nos casos de custódia gay
foram examinados. Os dados indicam que as noções do comportamento
compensatório da paternidade gay, o abuso de crianças, a influência
negativa no desenvolvimento das crianças, e a instigação de assédio são
largamente sem fundamento. Quando o pai "sai do armário" perante os filhos, isso tende a aliviar a tensão familiar e a fortalecer o laço pai-filho.
Os meus comentários:
As crianças de pais homossexuais presentes neste estudo tinham idades
compreendidas dos 14 aos 33. Com base nas declarações dos pais, 8% das
crianças eram homossexuais. No entanto, 14% destas crianças que foram directamente
entrevistadas identificaram-se como homossexuais. Mais uma vez, a
auto-identificação tem mais credibilidade que a identificação paternal.
E este é mais um estudo que incluiu crianças com idades abaixo dos 18,
um grupo mais susceptível de não se identificar como não-heterossexual
no futuro. Infelizmente, o autor não dividiu a amostra por idades, e
como tal, não se sabe a percentagem de crianças com menos de 18 anos.
8. O'Connell, A. (1993). Voices from the heart: The developmental impact of a mother's lesbianism on her adolescent children. Smith College Studies in Social Work, 63, 281-299.
O abstracto do autor:
Este
artigo tem como base um estudo que explora o impacto da orientação
sexual das mães lésbicas divorciadas nos seus filhos, à medida que eles
atravessam a adolescência dentro duma cultura homofóbica. As questões
em torno da identidade sexual, bem como as amizades, são ressalvadas.
Os dados apurados indicam uma atitude leal e protectora para com a mãe,
abertura à diversidade, e sensibilidade para com os efeitos do
preconceito.
Os sujeitos reportaram necessidades fortes de afiliação e sigilo por
parte dos seus pares em relação ao lesbianismo da mãe como algo
necessário para a preservação da relação. Outras preocupações, que
diminuíam com o passar do tempo, foram medos não-consumados de
desvalorização masculina e homossexualidade. Tristeza pervasiva em
torno da separação dos pais permaneceram, e os desejos duma
reunificação foram colocados de parte quando a mãe "saiu do armário".
Os meus comentários:
A amostra de O'Connell foi bastante pequena, consistindo apenas de 6
mulheres jovens (idades: 16-23) e 5 homens (19-23). Nove porcento da
amostra de O'Connell auto-identificou-se como não-heterossexual. As
duas maiores preocupações expressas pelas crianças após a revelação da
homossexualidade das mães foram "confusão e medo de se tornarem homossexuais". Adicionalmente, muitas das crianças verbalizaram abertamente "sentimentos de raiva, desapontamento, e ressentimento." (...)
9. Paul, J.P. (1986). Growing up with a gay, lesbian, or bisexual parent: an exploratory study of experiences and perceptions. Unpublished doctoral dissertation, University of California at Berkley, Berkeley, CA.
Descrição da dissertação de Paul por parte de Patterson (1992):
Um
estudo que envolveu entrevistas com jovens adultos - filhos e filhas de
pais lésbicos, gays ou bissexuais - foi reportado por Paul (1986).
Durante a entrevista, foi perguntado aos inquiridos
(com idades entre os 18 e os 28 anos) qual era a sua orientação sexual.
Das 34 pessoas que responderam, 2 identificaram-se como bissexuais, 3
como lésbicas, e 2 como homens gays. Logo, cerca de 15% das pessoas da
amostra identificaram-se como gays e lésbicas. Mais uma vez, este
número encontra-se dentro do intervalo normal de variabilidade dentro
da população.
Os meus comentários:
Embora 15% da amostra de Paul se tenha auto-identificado como gay ou
lésbica,, outros 6% auto-identificaram como bissexuais. Parece estranho
que embora os pais bissexuais tenham sido incluídos e contabilizados
como tal, as criança bissexuais tenham sido excluídas do total citado
em cima. O motivo pelo qual Patterson omitiu as crianças bissexuais do
total é desconhecido, mas apesar do motivo, 21% da amostra de Paul (de
adultos educados por pais não-heterossexuais) identificou-se como
não-heterossexual.
Mais ainda, o comentário de Patterson de que o número de 15% está "dentro do intervalo normal de variabilidade dentro da população"
não foi explicado. Como dito em cima, os mais acertados dados actuais
revelam que aproximadamente 2% da população geral é não-heterossexual.
Portanto, mesmo comparando com a mais baixa taxa de 15%, a amostra de
Paul de não-heterossexuais é 7.5 vezes mais elevada da que seria de
esperar, ao mesmo tempo que a taxa de 21% é 10.5 vezes mais elevada.
Breve sumário à revisão e comentários finais
Os 9 estudos precedentes sugerem que as crianças educadas por pais homossexuais ou bissexuais são sensivelmente 7 vezes mais susceptíveis que a população geral de desenvolver uma preferência sexual não-heterossexual.
Estes dados não são surpreendentes. Em referência ao trabalho de Ford e
Beach, Amy Butler (2005) da Universidade de Iowa escreveu:
O comportamento sexual, incluindo o género do parceiro sexual preferido, é largamente socialmente aprendido.
Desde a mais tenra idade, as crianças são ensinadas em relação à forma
como devem expressar os seus impulsos sexuais ao serem recompensadas
pelas actividades aprovadas, e castigadas pelos comportamentos
socialmente desaprovados.
Obviamente que os pais não-heterossexuais serão mais abertos ao
comportamento não-heterossexual por parte dos seus filhos. E, de facto,
alguns estudos revelaram que algumas mães lésbicas preferem que as suas
filhas sejam lésbicas e muitas filhas alegadamente reportam saber disso
(Tasker and Golombok, 1997).
Butler (2005) conclui:
Os
dados apurados a partir das pesquisas antropológicas e sociológicas, e
a partir de estudos em torno de gémeos, sugerem que existe uma
componente ambiental substancial a influenciar a escolha da pessoa de
optar ou não por obter um parceiro do mesmo sexo.....
Ser educado por pais que exibem comportamento não-heterossexual
certamente que seria considerado uma força ambiental potente, e como
tal, o facto dum desproporcional número de crianças educadas por pais
homossexuais desenvolverem atracção homossexual não deveria deixar as
pessoas surpresas.
Em seguimento da sua revisão a 21 estudos, os pesquisadores pró-homossexualismo Stacey and Biblarz (2001) concluíram:
As
crianças de pais lesbigays parecem ser menos tradicionalmente
genericamente-tipificados e mais abertos às relações homoeróticas....
As evidências, embora escassas e sub-analisadas, sugerem que a orientação sexual dos pais está positivamente associada com a possibilidade das crianças virem a ter a mesma orientação.
Ann Pelligrini, professora-adjunta na NYU colocou as coisas duma forma mais directa:
As famílias queer irão produzir crianças queer. (Bronski, 2001).
Quando Stacey e Biblarz (2001) revelaram que a pesquisa "não há diferenças"
havia na verdade revelado diferenças entre as crianças educadas por
pais homossexuais e pais heterossexuais, Paula Ettlebrick do grupo National Gay and Lesbian Task Force disse que eles haviam "arrebentado a bolha dum dos mais bem guardados segredos comunitários." Manter
o véu em torno deste segredo tem sido uma estratégia inteligente, e uma
que tem servido bem à comunidade homossexual, influenciando tanto as
decisões dos tribunais bem como a opinião pública (Clarke, 2002).
O propósito desta revisão é garantir que os dados apurados após
pesquisas em torno das consequências nas crianças educadas por duplas
homossexuais sejam reveladas de forma honesta e frontal ao público.
Embora largamente falhas, os estudos de pesquisa levados a cabo até aos
dias de hoje sugerem que a educação não-heterossexual é bem mais
susceptível de gerar crianças não-heterossexuais do que a educação
heterossexual.
Se as opiniões sócio-políticas de longa data e a restrições legais
relativas à paternidade homossexual estão em vias de serem alteradas, é
justo que isso seja feito por cidadãos plenamente informados..
- http://goo.gl/msZXbW