Quando
eu vivia Austin, Texas, durante o meu tempo de estudante de
pós-graduação, existia uma livraria "gay" com o nome de Lobo. O layout
era interessante. Olhando de fora para dentro, tudo o que se viam eram
livros. Parecia uma livraria normal. Havia uma secção dedicada a
escritores de ficção "gay" tais como Oscar Wilde, Gertrude Stein, e
W.H. Auden.
Havia
também biografias de ícones proeminentes tais como Walt Whitman, que
provavelmente aceitaria a etiqueta de homossexual, mas outros, tais como
o ídolo de Whitman, o Presidente Lincoln, haviam sido listados à causa
com base em nada mais que um mau casamento ou uma intensa amizade com
outro homem. Havia apaixonantes memórias homossexuais modernas e relatos
históricos das origens e do desenvolvimento do movimento dos "direitos
gay".
A
livraria parecia inócua e, de um modo desarmante, muito bourgeois. Mas
se entrássemos dentro da livraria, repararíamos imediatamente numa outra secção, escondida para quem olha de fora para dentro.
A secção pornográfica
Centenas
e centenas de vídeos pornográficos, envolvendo apenas homens, mas
lidando com todos os gostos possíveis e fantasias imaginárias. Para
além disso, notaríamos noutra coisa. Não havia clientes na parte frontal da livraria [onde estavam os livros]. Todos os clientes
encontravam-se na parte traseira da livraria, enraizando-se entre os
vídeos. Tanto quando sei, eu fui a única pessoa que alguma vez chegou a
comprar um livro na livraria Lobo. Os livros eram, de forma bem
directa, uma fachada para a pornografia.
Então,
para quê gastar milhares de dólares em livros que ninguém iria comprar?
Era por demais óbvio através da secção "Saldos" que apenas uma
pequeníssima parcela dos livros chegava a ser vendida ao preço
original. Os donos da Lobo aparentemente estavam a gastar muito
dinheiro em novelas gay e obras da história gay, quando o verdadeiro
dinheiro se encontrava na pornografia. Mas o dinheiro gasto nos livros
não era mal investido. O mesmo era usado para comprar algo que, para a
comunidade homossexual, era muito mais precioso que o ouro: a respeitabilidade.
Respeitabilidade
e a aparência de normalidade. Sem
esse investimento, nós não estaríamos envolvidos num debate sério em
torno da legalização do "casamento" entre pessoas do mesmo sexo.
Durante a altura em que eu vivia em Austin, eu já me identificava como
homossexual há 20 anos. Tendo como base a experiência adquirida durante
estes anos, reconheci na Lobo a metáfora usada para se vender a ideia
dos "direitos gay" ao povo americano, e para a sórdida realidade oculta.
Esta
é a forma como eu desconstruo
a livraria Lobo. Existem dois tipos de pessoas que olharão através da janela:
aqueles que são tentadas a se envolver em actos homossexuais, e
aquelas
que não são tentadas a esse nível. Para aqueles que não são, as
prateleiras com os livros transmitem a mensagem de que os homossexuais
não são diferentes do resto da sociedade, e que a homossexualidade não
está errada; ela apenas é diferente.
Como a maior parte deles nunca
saberá muito mais em torno do homossexualismo para além do que
observaram através da janela, essa impressão é de uma importância
política e cultural enorme uma vez que é sobre essa base que irão
reagir sem qualquer tipo de alarme, ou mesmo dando o seu apoio activo,
aos direitos dos homossexuais.
Existem
milhões de americanos bem-intencionados que apoiam os direitos dos
homossexuais porque acreditam que o que vêem quando olham para dentro é
o que realmente se encontra por lá. Não lhes passa pela cabeça que o
que eles estão a ver é um esforço cuidadosamente construído para os
manipular, distraindo-os da verdade com a qual que eles nunca concordariam.
Para
aqueles que se sentem tentados em levar a cabos actos homossexuais, a
visão que eles têm a partir da rua é consoladora visto que faz com que
o
estilo de vida homossexual não parece ameaçador, mas sim
normal. Mais cedo ou mais tarde, estas pessoas irão parar de olhar pela
janela e entrar dentro do estabelecimento. Ao contrário dos compradores
de janela, estes não ficarão distraídos com os livros por muito tempo.
Eles irão descobrir imediatamente a existência da secção de
pornografia. E independentemente do quão desagradados eles fiquem
inicialmente (se
eles de facto ficarem desagradados), eles irão notar que a secção de
pornografia é onde todos os
clientes de encontram, e eles sentir-se-ão
ridículos por serem os únicos a ficar entre os livros. Eventualmente,
eles irão encontrar o caminho até à pornografia, juntamente com o resto
do clientes. E, tal como todos os outros, eles irão começar dedicar a sua atenção aos vídeos.
E,
caro leitor, é aí que a maior parte deles ficará para o resto das suas
vidas, até que Deus ou a SIDA, as drogas ou o álcool, o suicídio ou a
idade avançada solitária, intervenham.
Ralph
McInerny disponibilizou uma brilhante definição do movimento em torno
dos direitos dos homossexuais: auto-decepção como
esforço conjunto.
No
entanto, a decepção do grande público é também vital para o sucesso da
causa, e em nenhuma outra área as formas de decepção são notoriamente e espantosamente mais bem sucedida do que na campanha para
persuadir os Cristãos de que, parafraseando o titulo dum livro recente,
[removido por motivos de blasfémia], e que as igrejas deveriam abrir as
suas portas aos amantes homoeróticos.
O
movimento homossexual "Cristão" depende dum estratagema que é audaz e
desonesto. Eu sei, porque durante muito tempo eu fui levado por ele.
Tal como os donos da livraria Lobo,
o seu sucesso depende de se camuflar a verdade que se encontra o tempo
todo "escondida" à vista de todos. Não é de admirar que o livro "O Mágico de Oz"
seja tão ressonante entre os homossexuais. "Nao liguem no homem por trás da curtina"
poderia ser o lema e o mantra de todo o movimento.
Nenhum
livro foi mais influente na minha decisão de "sair do armário" que o
livro "clássico" do, agora, ex-Padre John McNeill com o nome de "The Church and the Homosexual".
Esse livro é para "Dignity" o que "O Manifesto Comunista" foi para a
Rússia Soviética.
A maior parte do livro centra-se na disponibilização de
interpretações alternativas às passagens Bíblicas que condenam o
homossexualismo, e na colocação dos escritos anti-homossexualistas dos
Padres da Igreja, e dos escolásticos, num contexto histórico
duma forma que os torna irrelevantes e até ofensivos para os leitores
modernos.
A
impressão inicial dum leitor ingénuo e sexualmente confuso como eu era
a de que McNeill estava a disponibilizar uma alternativa plausível aos
ensinamenttos tradicionais. Isso fez-me sentir justificado em sair do
armário. Eram os seus argumentos persuasivos? Francamente, nem me
interessava nisso, e não acredito que a maior parte dos leitores de
McNeill também se interessassem. Esses argumentos foram redigidos com a
linguagem da erudição e soavam plausíveis. Isso era tudo o que
importava.
McNeill, tal como todos os membros do seu campo, tratavam o homossexualismo antes de mais como um debate em torno da interpretação própria dos textos - tais como a história Bíblica em torno de Sodoma e os artigos relevantes da Summa. A implicação é que, mal essas passagens fossem reinterpretadas, ou tornadas irrelevantes, os apologistas homossexualistas teriam prevalecido e a porta estava aberta para que os homossexuais activos andassem de cabeça erguida dentro das igrejas. E há um certo sentimento de que isto ficou provado como verdadeiro.
Visto
que o debate focou-se na interpretação de textos, os apologistas
homossexuais ganharam para si um nível espantoso de legitimidade. Mas,
como qualquer pessoa conhecedora da história do Protestantismo
deverá saber, a interpretação de textos é um processo interminável. Os
esforços de pessoas como McNeill não têm que ser persuasivos mas apenas
úteis.
Esta é a forma como as coisas funcionam: McNeil reinterpreta a história de Sodoma, alegando que ela não condena o homossexualismo mas a violação colectiva. Os teólogos ortodoxos respondem duma forma comendável mas ingénua, tentando refutá-lo - ingénua porque estes teólogos realmente acreditam que McNeill acredita nos seus próprios argmentos, e escreve como um escolástico e não como um propagandista. McNeill ignora os argumentos dos seus críticos, qualificando as suas objecções de "homofobia", e repete a sua posição original. Os ortodoxos respondem outra vez, como se realmente estivessem a lidar com um teólogo. Para a frente e para a trás durante algumas trocas.
Finalmente, McNeill ou alguém como ele levanta-se e diz:
Esta é a forma como as coisas funcionam: McNeil reinterpreta a história de Sodoma, alegando que ela não condena o homossexualismo mas a violação colectiva. Os teólogos ortodoxos respondem duma forma comendável mas ingénua, tentando refutá-lo - ingénua porque estes teólogos realmente acreditam que McNeill acredita nos seus próprios argmentos, e escreve como um escolástico e não como um propagandista. McNeill ignora os argumentos dos seus críticos, qualificando as suas objecções de "homofobia", e repete a sua posição original. Os ortodoxos respondem outra vez, como se realmente estivessem a lidar com um teólogo. Para a frente e para a trás durante algumas trocas.
Finalmente, McNeill ou alguém como ele levanta-se e diz:
Sabem
duma coisa? Não estamos a avançar. Nós temos a nossa exegese e vocês têm
a vossa. Porque é que não concordamos em discordar?
Isto
soa tão razoável e tão ecuménico, mas se os teólogos ortodoxos
aceitarem, eles terão perdido o jogo visto que os apologistas do
homossexualismo ganharam um espaço na mesa de onde eles nunca mais
serão removidos.
Chegar à verdade em torno de Sodoma e Gomorra, ou
fazer a interpretação correcta da ética de São Tomas, nunca foi o
objectivo; obter a admissão para a Santa Comunhão era o objectivo.
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